O Evangelho é um hino a alegria, uma feliz notícia. Se as fontes brotam de subsolos profundos e puros, a água que emana delas é pura e fresca. O Evangelho é um hino à alegria porque sua mensagem surge da remota região interior de Jesus, habitada pela paternidade acolhedora de Deus.
Nesse lago intimo nasceram suas palavras e atos, revestidos de confiança e serenidade. Temos a impressão de que Deus seria um imenso colo materno que envolveria calorosamente toda humanidade. E sentimos o próprio Jesus cercado de chamas, frescas chamas de alegria.
Naquele dia Jesus subiu à montanha e, vendo a multidão, soltou ao vento o novo código da felicidade. Disse-lhes que os que nada têm terão tudo; os que com lágrimas se deitam serão visitados pelo consolo; para os que passam fome haverá banquete e fartura; os que pedra por pedra erguerem o edifício da paz serão coroados com o título de filhos de Deus, e por fim, as lágrimas se transformarão em estrelas e os lamentos, em danças.
Disse-lhes que os discípulos deviam ser, em meio ao mundo, uma montanha de luz e o sal para condimentar o banquete da vida; que o reino é como uma pedra preciosa, como um vinho novo, como um tecido que acabou de sair do tear; que o Pai veste todas as manhãs as margaridas e alimenta os pardais; que, para o Pai, perdoar é uma festa, e que os últimos serão os primeiros.
Essa é a temperatura interior de Jesus, de onde brotou aquela mensagem que encheu o mundo de alegria. Disse que ninguém devia ter medo, que qualquer assassino pode acabar com um corpo, mas que nem com a ponta de uma lança poderá roçar a alma humana, porque ela está assegurada nas mãos do Pai. É possível que a infâmia caia sobre os filhos como um punhado de barro, mas, por que o espanto? A mesma sorte, tiveram os profetas.
Certa vez, um homem, ao escalar uma montanha, deu de frente com uma mina de ouro. Pulando de alegria, voltou para sua casa, vendeu seus bens e comprou aquelas terras, A mesma coisa aconteceu com um mercador muito entendido em pedras preciosas que, ao passar por um mercado, viu uma pérola de grande valor. Emocionado, voltou para casa, vendeu suas propriedades e comprou aquele tesouro. Assim é o Reino.
O grão de mostarda é uma semente minúscula, quase invisível. Ao ser semeada, levanta a cabeça e se eleva pelos ares, até transformar-se em um arbusto tão alto e forte que as aves do céu podem construir seus ninhos em seus galhos, folgadamente.
Saiu o semeador e jogou um punhado de trigo na terra lavrada. Brotou o trigal, escalou as alturas e, com a chegada do verão, aquilo era um mar de espigas douradas. Assim é a Palavra.
Hoje você está feliz porque com a força de seu espírito dominou as serpentes e os demônios. Mas isso não é nada. Existe outro motivo de alegria muito maior: o seu nome está escrito com letras de ouro no coração do meu Pai. Felicidades e congratulações.
O amor do pai estende-se sobre a terra como uma imensa onda e, com suas asas protetoras envolve e abraça todas as criaturas. Essa é a razão definitiva da alegria dos filhos dos homens.
E Jesus desfiou um leque multicolorido de parábolas, apólogos e comparações para mostrar que o Pai nos ama gratuitamente. Uma mensagem tão otimista só pode ter brotado de um coração jubiloso e, por isso, estamos afirmando a todo o instante que o Evangelho é um hino à alegria.
Tirado do livro “A arte de ser feliz” capitulo 6º item “Alegria e dor”, de Frei Ignacio Larrañaga.
