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Miles de personas en el mundo han recuperado la alegría y el encanto de la vida.

Talleres de Oración y Vida

Padre Ignacio Larrañaga

Milhares de pessoas têm recuperado
a alegria e o encanto da vida.

Oficinas de Oração e Vida

Frei Ignacio Larrañaga

Antes de esposos, pessoas

A pessoa em si mesma é a raiz a fonte de todos os direitos humanos. Dessa premissa serão derivadas mais tarde conclusões importantes, que deverão ser mantidas presentes na análise das relações conjugais.

Cada indivíduo que chega a este mundo é um alguém que não havia existido antes, nem irá existir depois; ou seja, alguém inédito, não repetível, único.

Ao pronunciar o pronome pessoal eu, pronunciamos a palavra mais sagrada do dicionário humano. Desde que amanheceu a humanidade até que se afunde na noite eterna, ninguém irá experimentar-se como eu: eu sou único neste torvelinho enlouquecido da maré humana. Comigo se abre e se fecha um universo sagrado. Quando dizemos que o ser humano “é” solidão, queremos dizer só eu, e uma só vez. Meu caso não se repete.

Existe, pois na constituição humana algo inefável que me faz ser idêntico a mim mesmo e diferente de todos, quando todas as lâmpadas se apagarem e as portas se fecharem, permanecerá de pé, como estátua, minha identidade pessoal, algo que nunca muda e sempre permanece.

Quando você tinha 5 anos, tiraram-lhe uma fotografia; era ainda um botão de flor antes de abrir. Suponhamos que agora você, tenha 50 anos, carregado de experiência e rugas. Você compara sua imagem atual com a daquele menino de 5 anos, e exclama: “Parece mentira, não dá para acreditar, mas a verdade é que “este sou eu; eu sou este”.

As estações passaram como meteoros, a lua navegou mil vezes por nossos hemisférios, todavia a verdade é que daquele menino de cinco anos não sobrevive em mim sequer uma célula; cada uma delas foi nascendo e morrendo na voragem vital, porém, ó maravilha, “eu sou aquele menino.” Como se vê, minha identidade pessoal sobrevive a todas as mutações somáticas e psíquicas. Mistério sagrado.

Se, em um exercício de introspecção, formos nos interiorizando como em círculos concêntricos, descendo até profundidades cada vez mais silenciosas, chegamos a um ponto final simples e totalizante, que une e coroa todos os vértices do meu universo: é a consciência de mim mesmo, o núcleo íntimo e último do meu ser… Tudo isso sou eu.

Singularidade do cônjuge

E assim chegamos à conclusão que buscávamos: todo cônjuge é, antes de tudo, uma realidade singular, um mistério; e este mistério é o manancial do qual nascem as obrigações de respeito e liberdade que se devem a todo cônjuge.

Isso explica também o fato de cada cônjuge ser uma ilha sagrada ungida de silêncio, vale dizer, um ser incomunicável. Imaginemos a hipótese de um casal que, desde o raiar do dia até o crepúsculo, conviveu durante cinquenta anos em plena harmonia, com uma política de portas abertas em nível máximo.

Ainda assim, quando a morte se detiver a suas portas, cada cônjuge será sepultado como um desconhecido em sua última solidão, um arquivo inédito a cujos recintos mais remotos ninguém nunca teve acesso, nem terá. Nem mesmo o outro cônjuge. Mistério sagrado.

Mesmo que os esposos se abrasassem no frenético torvelinho de um amor apaixonado, nunca acontecerá que os dois sejam um, por muito bela e repetida que seja essa expressão, porque o amor é unificante, mas não identificador.

As tarefas primordiais da singularidade humana são: conhecer-se a si mesmo, confiar em si mesmo, ser sincero consigo mesmo, aceitar e amar a própria estrutura de personalidade, estimar e apreciar os carismas pessoais sem cair no narcisismo, sentir-se contente e feliz por ser quem é. Em suma, fazer-se amigo de si mesmo.

Aventurar-se em um projeto matrimonial sem haver solucionado as preguntas fundamentais da própria singularidade é embrenhar-se em uma selva cheia de perigos. Assim se explicam muitos fracassos.

Extraído do livro “O Casamento Feliz” de frei Ignácio Larrañaga.